sábado, 5 de março de 2016


TRAIL DE SICÓ


Terras de Sicó
O trail running é um tipo de corrida bastante diferente da pista e da estrada. Os percursos por onde passam as provas de trail, podem e devem incluir trilhos técnicos, muitas vezes inacessíveis de qualquer outra forma, sem ser a pé. Zonas montanhosas com grandes declives, subidas de pequenos riachos, com fundos rochosos e com pouca água, subida de pedras, entre outros tipos de piso com terrenos acidentados, é tudo isto e muito mais que se encontram neste tipo de provas. Por vezes a tecnicidade e dureza do trail running impede que se consiga correr, tendo que se caminhar, saltar e subir pedras.

A subir....
Normalmente são provas mais longas, realizadas em corrida lenta, devido à dureza, sendo necessário ser portador de uma mochila, para transportar água e/ou suplementos alimentares, bem como outros objetos que possam ser necessários a esta prática (GPS, bastões, apito, manta térmica, etc).

É uma modalidade caracterizada pela competição saudável, com poucas condutas antidesportivas, com muito respeito pela natureza e pelos outros participantes.

É uma modalidade que descobri há pouco tempo. Como corredora de asfalto ainda não me tinha aventurado nos trails e sempre achei que não eram para mim.

Como posso descrever o que significa o trail para mim?

A natureza como pano de fundo, o som do rio, dos pássaros e das passadas é o que se ouve quando se corre na montanha. Não, não é apenas correr, para mim o trail running é um estado de espírito, libertador, é uma comunhão entre mim e a natureza, como se me fundisse com ela.

O grupo de bravos!
E foi assim que fui a Terras de Sicó fazer um trail de 15 km juntamente com um grupo fantástico que foi percorrer 25 km: Paulo Pereira, João Gil da Costa, Maria do Carmo e Sandra Amorim.

Levantei-me às 05h45 para ter tudo pronto para arrancar às 06h30. Partimos do Porto e o grupo foi-se compondo até Condeixa. O companheirismo e alegria partilhadas durante a viagem foram um bom tónico para a prova. Novas e velhas amizades juntas no caminho para a meta!

Ainda faltava algum tempo para a partida por isso fomos convivendo, partilhando experiências e aquecendo o espírito. Encontramos amigos de longe, como o João Lourenço, que tinha acabado de fazer os 111 km em 19h e picos..... A história dele inspirou-nos ainda mais, como não podiam correr bem os 15 ou os 25 km? S. Pedro ajudou e o tempo estava fantástico para praticar desporto!

Ruinas de Conimbriga
E.... partida!!! Lá foram os meus companheiros dos 25 km.

Passado meia hora lá fui eu e a Sandra. Primeiro paragem Conimbriga. Visitar este espaço em passeio ou a correr, é uma experiência muito diferente. São anos de história que nos contemplam, por aquelas pedras passaram antepassados, pessoas que como nós tinham sonhos e ambições.

Correr na Via Ápia é um misto de emoções, pois por ali cavalgaram muitos senhores, andaram a pé muitos comerciantes e passearam muitas damas! E hoje, eu, corro nesta estrada!

Ruínas de Conimbriga

E lá fomos monte acima, monte abaixo, parando no 1º abastecimento pelos 6 km. Não sou de parar muito, embora os abastecimentos sejam pontos de convívio fantásticos. Comi apenas meia banana e segui caminho.

Seguiu-se uma subida puxadinha, que fui fazendo devagar, disfrutando da paisagem e da música que me acompanha sempre.

Importante nos trails é levar uma mochila com água e alguns mantimentos que nos ajudam no percurso. No meu caso, comprei a minha na Decathlon (http://www.decathlon.pt/), uma mochila simples mas funcional, com capacidade para 1 litro de água e mais uma bolsa exterior para levar o telemóvel, alimentos e lenços de papel (muito importantes no monte!!). Não levo muita coisa para comer, mas o mel unidose é muito importante (http://www.nutrilowcost.com) pois tenho tendência a ter quebras de açúcar.

Subir custa.....
Outro aspeto importante é a roupa. Não fiz muita alterações face às corridas de asfalto. Troquei apenas os calções pelas calças, para melhor "amortecimento" nas quedas.

No monte está, na maioria das vezes, mais frio por isso levei uma t-shirt técnica por baixo da da prova, que permitisse uma melhor respiração e manutenção da temperatura corporal.

Ter as sapatilhas adequadas também é muito importante. Para começar escolhi umas Asics Sonoma (https://www.sportzone.pt/). Para começar nos trails são suficientes, dão boa tração nas descidas, um bom apoio nas subidas e um bom amortecimento no impacto com as pedras. Tem uma desvantagem no asfalto, sendo um pouco duras e causando algumas dores na planta do pé.

E assim fui chegando ao fim. Km após km, pedra após pedra.....

Depois do 2º abastecimento, aos 12 km, e mais meia banana, foi sempre a correr até ao fim.

Cheguei em 2h23, mas o que conta menos é o tempo. Quando chegamos à meta ficamos contente por mais um objetivo cumprido mas ficamos tristes porque já acabou!

Nas corridas de asfalto muitas vezes fica-se cansado com o passar dos km, pois a passada é sempre a mesma e a paisagem não muda, fazer 2h em alcatrão custa muito..... Mas no monte tudo se transforma, a cada km vemos uma paisagem diferente, a cada metro observamos uma planta original, galgamos rios, saltamos poças, penduramo-nos em galhos e de repente chegamos ao fim com a sensação que fazíamos mais....

E é esta vontade de fazer mais que vai levar-me um dia a fazer um trail longo.....


Obrigada ao grupo que me acompanhou, foram fenomenais!! Aliás nota-se no sorriso!

O dia seguinte foi de recuperação, descanso do corpo e preparação para o próximo. Tenho que
agradecer à minha companheira de trails e profissional de terapias naturais e holísticas, Sandra Miranda, que no dia anterior tinha feito 25 km, e mesmo assim me acolheu no dia seguinte com um grande sorriso e uma enorme vontade de me ajudar a recuperar usando a acupuntura.




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