segunda-feira, 13 de junho de 2016

Trilhos do Vale do Leça, um rio de emoções!!


Data: 10/06/2016, Dia de Portugal!
Percurso: 12 km com 800 d+
Efetivamente só fiz 10 km.....
Pensamento do trail: Em algum momento da vida, desistir será mais nobre que seguir em frente!



Aguardava com algum entusiasmo este trail, não sei bem porque, talvez por ser perto de casa, talvez por me sentir bem, talvez porque ia com uma amiga que fazia o trail pela 1ª vez!

O dia começou bem, tinha repousado na véspera, acordei bem disposta e estava um tempo ameno, convidativo a um passeio pelo monte. A minha amiga, a Telma Monteiro (nome de atleta de elite para uma amiga também especial), também estava bem disposta e pronta para os primeiros km nos trilhos. 

Chegados ao local da meta, esperamos pelo horários dos autocarros para irmos para a partida. O ambiente era calmo e parecia que ia ter pouca gente no trail, mas com o aproximar da hora do autocarro partir foi chegando mais gente.

E lá fomos....

Quando chegamos à partida estava animado, com música e muitos atletas. Como a tradição ainda é o que é precisei de usar o WC e à falta de um providenciado pela prova pedi a uma senhora que assistia a tudo com olhos curiosos se podia usar o da sua casa. Foi muito simpática e deixou-me entrar!

Às 09h30 partimos! Não éramos muitos, mas éramos aplicados. O percurso começava com uma ligeira subida mas depois estabilizava e deu para correr nos primeiros km. A floresta começava a adensar, o que me surpreendeu; não estava à espera de tantas árvores, troncos e flores na zona de Leça do Balio!! O percurso era bastante rolante no inicio, é como eu gosto, para não me cansar logo nos primeiros km. 

Logo atrás de mim vinha a Telma, a fotografar e filmar tudo! 

O entusiasmo do primeiro trail.... parece que foi há séculos mas para mim foi só em Janeiro de este ano quando fiz o Raríssimas em Valongo, 15 km em 3 horas!

Desde lá já fiz mais uns tantos, sempre desafios diferentes, sempre lutas até ao fim, mas sempre com a mesma vontade e coragem!

Ao longe já se via o rio....
E a paisagem ia sendo desafiante! Algumas subidas, alguns troncos para ultrapassar e o Rio Leça pela frente para atravessar. Confesso que fiquei desiludida pois pensei que tivéssemos que passar o rio pela água, como tive que fazer em Mondim de Basto. Mas desta vez havia um tronco para passar para a outra margem. 

Quando cheguei ao ao outro lado comecei a sentir uma dor leve na zona da bacia, mas pensei que não fosse nada e continuei.

Mas já me custava correr, por isso fui andando. Mas a dor foi se tornando mais aguda, até que senti que não ia conseguir chegar ao fim....

Devemos sempre ouvir o nosso corpo e interpretar os sinais que ele nos dá. E naquele momento percebi que pela 1ª vez, em toda a minha curta vida de corredora, ia ter que desistir de uma prova.....
Para desistir também é preciso coragem e por isso tomei a decisão de ficar pelo abastecimento e solicitar que me levassem até à meta.

Estávamos no km 4,5 talvez e o abastecimento era nos 6,5. Cerrei os dentes e fui.... a Telma apoiou-me sempre e decidiu desistir comigo.

A dor ia aumentando e eu não percebia o porque, o que tinha acontecido, se era alguma coisa que já vinha de trás, de algum treino mais intenso.
As subidas tornaram-se muito complicadas mas tinha que seguir em frente.
Foi ajudando a bela paisagem que nos rodeava e as fotos que fomos tirando para ajudar a esquecer a palavra "desistir" que martelava na minha cabeça.

Sei que não devia ter obcecado com isso, mas é impossível não pensar. Não estava a desistir por ser fraca, ao contrário estava a desistir por ser forte e por saber que a minha saúde e integridade são mais importantes que qualquer prova, mas mesmo assim acho que nestas alturas não controlamos os nossos pensamentos!

Além disso vinha-me à memória a minha outra lesão, que já faz uns anos, mas da qual me lembro sempre e para a qual tenho um cuidado redobrado! Estive parada quase 9 meses na altura e pensar que poderia estar parada novamente, sem fazer o que gosto, por um tempo, assustava-me.

Era incerto o que tinha e isso apavorava-me! Embora disfarçasse só me apetecia chorar...

Chegamos ao abastecimento! Aproveitei para reabastecer e renovar algumas energias. Gostaria de realçar os bolinhos maravilhosos que comi nos 5 minutos que estive parada, um projeto de duas amigas e do qual fiquei fã. Visitem http://www.asdeliciascadecasa.pt/ e deliciem-se!

Não foi possível ninguém da organização me levar à meta por isso, eu e a Telma, optamos por um caminho alternativo, mais curto, para chegar ao fim. Realçando a forma positiva como estava organizada esta prova (marcações, apoio, abastecimento, percurso) penso que deveria haver alguém neste ponto de paragem para apoiar quem necessitasse desistir. Gostaria também de agradecer a todos os atletas anónimos que me apoiaram durante o percurso até ao abastecimento e que se ofereceram para me ajudar! Não sei os vossos nomes mas OBRIGADA!

Quando estávamos quase a chegar, passou por nós uma carrinha da organização que parou e perguntou se estava tudo bem. Como já estava quase quase, agradeci mas fiz o resto do caminho a pé.

Chegada à meta, voltei a encontrar outra pessoa da organização, com a qual tinha falado na véspera quando levantei os dorsais, que perguntou o que se tinha passado e se estava tudo bem. Sugeriu que fosse vista pelo fisioterapeuta da prova e este foi de opinião que fizesse alguns exames complementares para ver se está tudo bem. 

Foram todos muito simpáticos e agradeço a preocupação e carinho de todos.

Também gostaria de agradecer a uma fã das Sapatilhas, a Cláudia Cunha, que me reconheceu e veio ter comigo para saber se tinha corrido tudo bem e como eu estava. Obrigada companheira de trilhos!

Hoje vou ao ortopedista ver se está tudo bem mas como a dor já passou talvez não tenha sido nada de grave. Hoje aliás foi dia de treino e não me ressenti de nada. 

Próximos desafios: Corrida S. João Braga dia 19/06 e UT Serra Freita dia 25/06. Vamos ver se estou apta para os dois!!


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